Papa Leão XIV encerra Ano Jubilar dos Presos com apelo à misericórdia e à reforma do sistema penitenciário
Durante missa no Vaticano, o pontífice destacou a dignidade humana dos encarcerados, criticou a superlotação das prisões e pediu políticas que priorizem reabilitação e justiça restaurativa.
O Papa Leão XIV presidiu, no domingo (14), a missa que marcou o encerramento do Ano Jubilar dos Presos, uma das celebrações temáticas do Ano Jubilar 2025 da Igreja Católica. A celebração reuniu cerca de 6 mil participantes de aproximadamente 90 países, entre pessoas privadas de liberdade, familiares, agentes penitenciários, capelães e voluntários ligados à pastoral carcerária.
Na homilia, o pontífice fez um apelo direto aos governos e à sociedade para que a justiça não seja compreendida apenas como punição, mas como um caminho que favoreça a reparação, a reintegração social e a esperança. Segundo ele, nenhuma pessoa pode ser reduzida ao erro cometido ou à condição de encarceramento.
Leão XIV destacou que a misericórdia é um princípio essencial da justiça cristã, afirmando que sistemas penais baseados exclusivamente na repressão tendem a perpetuar ciclos de exclusão e violência. “A justiça que não oferece possibilidade de recomeço corre o risco de negar a própria dignidade humana”, ressaltou o Papa, conforme discurso repercutido pela imprensa internacional.
Outro ponto central da reflexão foi a realidade da superlotação das prisões em diversas partes do mundo. O pontífice chamou atenção para a precariedade das condições de vida em muitos estabelecimentos prisionais e para a escassez de programas de educação, trabalho e acompanhamento humano e espiritual, considerados fundamentais para a recuperação dos detentos.
O Papa também recordou que o Ano Jubilar 2025, iniciado ainda durante o pontificado do Papa Francisco, propôs um olhar especial para os grupos mais vulneráveis da sociedade. Nesse contexto, retomou a tradição bíblica do Jubileu, que inclui gestos concretos de perdão, como anistias, indultos e políticas públicas de reinserção social, incentivando os países a refletirem sobre essas possibilidades.
Delegações de presídios de diferentes continentes participaram da celebração, incluindo representantes de unidades italianas e grupos vindos da América Latina, África, Ásia e Europa. A presença internacional reforçou o caráter global do apelo feito pelo pontífice, que insistiu na necessidade de solidariedade, responsabilidade coletiva e compromisso com a dignidade humana.
Com o encerramento do Jubileu dos Presos, o Vaticano reafirma que o tema não se encerra com a celebração litúrgica, mas permanece como um desafio permanente à Igreja e à sociedade, convidadas a transformar o cuidado com os encarcerados em ações concretas de justiça e misericórdia.
Fontes: Vatican News (Edição em Português), Catholic News Agency (CNA), Catholic News Register, Reuters, Agência Ecclesia e Rádio Renascença (Portugal).