Irmão Gerardo Secondino: 25 anos de profissão missionária a serviço do povo de Deus

15 de dezembro de 2025

 

“Quando você entra no coração de alguém, já conhece tudo sobre essa pessoa, sem precisar fazer perguntas”.

Por Redação

Nascido em Pietraperzia, na província de Enna, na Itália, em 17 de julho de 1959, filho de Vincenzo e Felicetta Scaramozza, o Irmão Gerardo Secondino é um dos 28 irmãos missionários da Consolata atualmente em missão no mundo. A Congregação, fundada por São José Allamano em 1901, reúne sacerdotes e irmãos coadjutores, leigos consagrados que partilham a mesma vocação missionária ad gentes e vivem, por desejo do Fundador, em espírito de família.

A figura do “Irmão” sempre esteve presente no coração e no projeto missionário de São José Allamano. Ainda antes da fundação do Instituto, ao apresentar sua proposta à Santa Sé, ele afirmava que havia desenvolvido seu projeto em contato com padres e seminaristas, acrescentando à margem: “os leigos não faltarão”. É nesse carisma que se insere a trajetória do Irmão Gerardo, marcada pela missão em Moçambique, pelo trabalho educativo e pelo testemunho silencioso do Evangelho vivido no cotidiano.

Vocação nascida no caminho da fé

Perguntado sobre como surgiu sua vocação missionária, o Irmão Gerardo conta que ingressou no Instituto Missionários da Consolata em 1991, iniciando um processo formativo que o conduziu ao noviciado em Vittorio Veneto, em 1994. Ali, viveu uma experiência decisiva de acompanhamento e discernimento, que o ajudou a confirmar sua entrega à missão.

“Ali comecei realmente a conhecer os missionários da Consolata e a entender o caminho que Deus estava me propondo”, recorda.

Após a primeira profissão religiosa, permaneceu na mesma comunidade, exercendo o serviço de ecônomo e aprofundando sua vivência comunitária e missionária, sempre em espírito de disponibilidade.

Destino missionário: Moçambique

No ano 2000, veio o envio missionário que marcaria profundamente sua vida. Destinado a Moçambique, o Irmão Gerardo permaneceu no país por 14 anos, atuando principalmente nas regiões de Maua e Guamba.

Em Maua, dedicou-se por quase nove anos à criação e coordenação de uma escola de artes e ofícios dos Missionários da Consolata, batizada de Escola São José Allamano. O projeto teve como objetivo oferecer formação humana, profissional e cristã aos jovens da região.

“Trabalhamos não apenas para ensinar um ofício, mas para ajudar as pessoas a descobrirem seu valor e sua dignidade”, afirma.

Posteriormente, em Guamba, deu continuidade ao trabalho missionário junto às comunidades locais, aprofundando o contato com a cultura macua, que ele reconhece como fundamental para sua compreensão do povo e da missão.

Missão interrompida e novos serviços

Por motivos de saúde, o Irmão Gerardo precisou retornar à Europa para uma cirurgia, o que acabou mudando seus rumos missionários. Embora desejasse voltar a Moçambique, foi orientado a permanecer no continente europeu.

Passou então oito anos na casa dos Missionários da Consolata em Cacém, próximo a Lisboa, onde continuou exercendo seu serviço fraterno. Mais tarde, retornou à Itália e atualmente vive na comunidade da Certosa de Santa Maria, em Valle Pesio, próxima a Cuneo, onde atua na acolhida de visitantes e missionários.

“Hoje a minha missão é acolher, escutar e estar presente”, resume.

Padre Padre James Lengarin e Irmão Gerardo Secondino. Foto: Jaime C. Patias

A missão com os jovens

Entre as experiências que mais marcaram sua caminhada está o trabalho pastoral com jovens em uma paróquia dedicada a São Miguel. Durante quatro anos, conduziu encontros semanais de oração e celebrações dominicais voltadas exclusivamente à juventude.

“Mesmo que não pareça, os jovens são grandes professores. Eles ensinam a viver, a escutar e a compreender o que está por trás das palavras”, destaca.

Segundo ele, esse período foi decisivo para o amadurecimento de sua fé e para uma compreensão mais profunda do anúncio do Evangelho a partir da escuta e do relacionamento.

“Fazer bem o bem” como princípio missionário

Inspirado pelo ensinamento de São José Allamano, o Irmão Gerardo reforça que a missão se constrói nas pequenas coisas do cotidiano. Para ele, evangelizar não é apenas ensinar, mas прежде de tudo entrar no coração das pessoas.

“Quando você entra no coração de alguém, já conhece tudo sobre essa pessoa, sem precisar fazer perguntas”, afirma.

Esse modo de viver a missão, segundo ele, permite perceber aquilo que as pessoas comunicam sem palavras, por meio de gestos, atitudes e do modo de viver.

Irmãos missionários da Consolata: uma vocação essencial

Ao completar 25 anos de profissão religiosa missionária, o Irmão Gerardo recorda a importância da vocação dos irmãos dentro do Instituto. Atualmente, são cerca de 30 irmãos missionários da Consolata espalhados pelo mundo.

Enquanto os padres atuam mais diretamente junto às comunidades cristãs já constituídas, os irmãos, segundo ele, têm uma presença mais ampla junto ao povo, especialmente entre aqueles que ainda buscam, duvidam ou estão em processo de amadurecimento da fé.

“Somos chamados a caminhar com todo o povo de Deus, especialmente com quem ainda procura um ‘sim’ mais consciente à vocação que Deus lhe propõe”, explica.

Ao concluir seu testemunho, o Irmão Gerardo deixa uma mensagem simples e profunda aos que sentem o chamado missionário: fidelidade total a Deus.

“Deus não parece, mas Ele é a nossa vida, o nosso futuro e o nosso ser”, reafirmando o sentido profundo de uma vida doada à missão e ao serviço do Reino.

Fonte: ConsolataNews

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