O Brasil na Conjuntura Global

02 de setembro de 2025

Imagem ilustrativa gerada por IA.

Não é só o futuro do Brasil que está em jogo, é de toda a humanidade. O Império decadente dos Estados Unidos não tem forças para conter a roda da história, mas ainda tem forças para causar guerras e destruições em boa parte do mundo.

Por Roberto Malvezzi (Gogó)

Sabemos que Bolsonaro é um pretexto, mas conveniente. O problema está nos BRICs. Porém, por que Estados Unidos e Europa temem os BRICs? Vamos a alguns elementos:

China tem 1,4 bilhão de pessoas e uma extensão de 9,6 milhões de Km2; Índia tem aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas e uma extensão territorial de 3,2 milhões de Km2; Brasil tem 212 milhões de pessoas e uma extensão de 8,5 milhões de Km2; África do Sul tem uma população de 60 milhões de habitantes e uma extensão de 1,2 milhão de km2; a Rússia tem uma população de 146 milhões de pessoas e uma extensão territorial de 17 milhões de km2. Portanto, quase metade da humanidade está nesses cinco países. Por consequência, aí está um vasto mercado mundial e um vastíssimo território, recheado de riquezas naturais, inclusive os metais estratégicos para a transição energética. Um exemplo são as Terras Raras, sendo que a China está em primeiro lugar em reservas e o Brasil em segundo.

Ainda mais, China e Índia têm culturas de cinco mil anos, baseadas em filosofias e cosmovisões orientais como o Taoísmo, Budismo e Confucionismo na China, Hinduísmo e outras na Índia, altamente formatadoras da alma e da ética dessas populações. O confucionismo, por exemplo, tem como princípios éticos: benevolência ou humanidade, retidão ou justiça, rituais ou etiqueta, sabedoria, integridade ou confiança.

Além do mais, a China é comandada por um partido único, ao estilo marxista-leninista, onde as pessoas podem participar através das instâncias do partido, mas não por outro partido. Logo, pode fazer planejamento para 20, 30, quantos anos quiser. E o que é planejado é realizado sem desperdício de dinheiro público e com pouquíssimos riscos de descontinuidade. Essa organização ética-política ajuda entender a explosão tecnológica e comercial da China.

Grande parte da população dos Estados Unidos é a do consumo imediato, vive da mão para a boca. Não tem disciplina para planejar o futuro a não ser pela ideologia capitalista de produção e consumo, ou pelas armas.

Os Estados Unidos (EEUU) controlam o comércio mundial pelo dólar, única moeda aceita. Desdolarizar a economia é solapar os pés de barro do império. Mais cedo ou mais tarde, com ou sem guerras, a desdolarização será posta no novo mundo que surge. Aí entra o PIX, que é futuro do dinheiro, segundo o economista norte-americano Paul Krugman.

O atual governo brasileiro sabe onde está o futuro e por isso é aliado dos BRICs. Porém, esse conglomerado de países ainda não tem força militar própria para enfrentar EEUU e Europa.

Logo, para Trump, é preciso derrubar esse governo brasileiro, desmantelar os BRICs e colocar um poste tipo Bolsonaro no comando do país, ou qualquer outro, desde que obedeça fielmente às ordens do imperador externo.

Não é só o futuro do Brasil que está em jogo, é de toda a humanidade. O Império decadente não tem forças para conter a roda da história, mas ainda tem forças para causar guerras e destruições em boa parte do mundo.

*Roberto Malvezzi (Gogó) é agente da Comissão Pastoral da Terra e ativista ambiental.

Compartilhe:

Conteúdo Relacionado