Igreja do Sul Global entrega ao Papa documento sobre justiça climática e amplia atuação na COP30

Texto defende conversão ecológica, denuncia falsas soluções para crise climática e propõe maior participação da sociedade nas decisões globais.

Por Redação

No dia 1º de julho de 2025, representantes da Igreja Católica do Sul Global entregaram ao Papa Leão XIV, em Roma, o documento “Um chamado por justiça climática e a Casa Comum: conversão ecológica, transformação e resistência às falsas soluções”. O texto reúne propostas, denúncias e posicionamentos da Igreja sobre a crise climática mundial e sobre a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro deste ano, em Belém (PA). A iniciativa busca fortalecer a atuação da Igreja nos debates ambientais e alertar para falsas soluções que perpetuam desigualdades e prejudicam especialmente os povos do Sul Global.

Entrega simbólica ao Papa e lançamento no Brasil

A entrega simbólica foi realizada pelo cardeal Jaime Spengler, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), juntamente com o cardeal Fridolin Ambongo Besungu, representante das Conferências Episcopais da África, e o cardeal Felipe Neri, das Conferências Episcopais da Ásia. O Papa Leão XIV recebeu o documento como sinal da preocupação comum da Igreja com os desafios climáticos e com a defesa da vida e da Casa Comum.

No Brasil, a apresentação oficial ocorreu na sede da CNBB, em Brasília, também no dia 1º de julho, durante uma coletiva de imprensa que contou com a participação de dom João Justino de Medeiros, primeiro vice-presidente da CNBB, e dom Vicente de Paula Ferreira, presidente da Comissão Especial para Ecologia Integral e Mineração. A coletiva foi conduzida pela assessora Osnilda Lima e exibiu um vídeo enviado de Roma pelo cardeal Spengler, relatando como foi a entrega do documento ao Santo Padre.

Ampliar a participação social nos debates climáticos

Durante a apresentação, dom João Justino enfatizou que a crise climática é uma questão que precisa envolver todos os setores da sociedade, e não apenas governos e cientistas. “Os impactos da crise atingem a todos, mas de maneira desigual. O objetivo da Igreja é ampliar a participação e estimular um debate ético e inclusivo dentro da Conferência da ONU sobre o Clima”, afirmou.

Ele também lembrou que o compromisso com a ecologia está presente na trajetória da Igreja no Brasil, como demonstra a Campanha da Fraternidade de 1979, que já trazia o alerta: “Preserve o que é de todos”.

Falsas soluções e resistência no Sul Global

Dom Vicente de Paula Ferreira destacou que o documento denuncia as chamadas “falsas soluções” para a crise ambiental, que, na visão da Igreja, favorecem grandes interesses econômicos enquanto penalizam as populações mais vulneráveis. “Não se supera a crise climática com os mesmos modelos que a geraram. Quem sofre as consequências são os países do Sul Global e os mais pobres”, afirmou o bispo.

A proposta central do documento é chamar à “conversão ecológica”, à transformação de práticas econômicas predatórias e à defesa dos direitos dos povos originários, comunidades tradicionais e das futuras gerações.

Instrumento de diálogo e incidência política

Antes da realização da COP30, o documento já vem sendo utilizado como ferramenta de diálogo em espaços internacionais. Ele foi apresentado durante a Conferência de Bonn, na Alemanha, entre os dias 16 e 26 de junho, considerada uma etapa preparatória para a COP.

No Brasil, além da entrega simbólica, o texto será oficialmente encaminhado à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no dia 2 de julho, e apresentado em audiência pública na Câmara dos Deputados no dia 3 de julho, ampliando a discussão no âmbito político e social.

Junho Verde e o compromisso com a Casa Comum

A entrega do documento e as ações relacionadas integram a campanha Junho Verde, promovida pela CNBB em defesa da sustentabilidade, da ecologia integral e da Casa Comum. A campanha reforça o compromisso da Igreja em buscar alternativas justas, sustentáveis e inclusivas para enfrentar a crise climática global.

Fontes: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Vatican News, CELAM.

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