Uma vida doada: “um raio de luz na escuridão”
Itinerário Vocacional de irmã Isabel Alves revela fé e amor ao trabalho missionário.
Ao receber a visita de três missionárias da Consolata numa tarde de 1959, senti que elas trouxeram-me uma luz radiosa ao oferecerem-me lindas mensagens. Dentre estas, uma permaneceu: “O Senhor me chama hoje, não sei se me chamará amanhã”, de São José Allamano, que tocou o meu íntimo mais profundo. Esta foi a frase que determinou a orientação vocacional de nosso Fundador quando decidiu tornar-se sacerdote diocesano.

Sem anunciar a ninguém, comecei a me preparar, trabalhando numa única fábrica de balas existente no local, do “Sr. Antônio”. Assim comecei a providenciar o necessário a fim de poder ingressar na Congregação das Irmãs Missionárias da Consolata e tornar-me Missionária. No dia 26 de novembro de 1960 tudo já estava pronto. Levantei de madrugada, bati à porta do quarto de meu pai e disse: “Pai, estou indo.” Ele disse-me: “Para onde você vai?” “Para o Convento”, respondi. Nenhuma resposta me foi dada. Peguei minha pequena mala e ainda escuro saí rumo à estação de trem. Comprei o bilhete e embarquei. Ao último apito do trem, olhando pela janela, surpresa! Quem avistei? Meu pai chegando apressado. Ele não conseguiu chegar a tempo e o trem partiu. Naquele momento me senti amada e querida por ele.

Assim, cheguei àquele lugar desconhecido para mim, sentindo que tudo ia dar certo. Fui bem recebida na Comunidade das Irmãs Missionárias da Consolata, na cidade de Santos Dumont, MG. Tudo começou naquele lugar simples e silencioso. “Orar e trabalhar” foi o que vi escrito nos arredores da casa. Esta força de orar foi me guiando e aqui estou hoje como Missionária da Consolata, doando minha vida e meus talentos, por 30 anos em nossa missão na Libéria e no presente momento na missão da Guiné Bissau, África, completando neste ano de 2026 os meus 50 anos de serviço e doação missionária no continente.

Alí me dediquei totalmente para a formação pastoral das mulheres, famílias, jovens e crianças, no meio de muitas lutas vencidas pelo grande Amor que ardia e me consumia pela missão, reforçando o conhecimento de Deus já existente no profundo da alma daquele povo simples, mas sedento da Palavra de Deus que reinava no coração de cada pessoa com a qual me relacionava. No meu coração ressoam sempre as palavras sábias daquele povo “Deus é Grande”, “Deus, Obrigado”.
Isabel Alves de Oliveira é Missionária da Consolata na Guiné Bissau.