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Família Consolata

A “sua Consolata”

São José Allamano viveu a maior parte do seu ministério sacerdotal como reitor do Santuário da Consolata, em Turim, Itália. O seu amor por Nossa Senhora o levava a declarar-se seu “secretário e tesoureiro” e hoje explica a nós porque deu esse nome aos seus missionários e missionárias. 

Por Sergio Frassetto

José Allamano tinha apenas 29 anos quando foi nomeado reitor do Santuário da Consolata pelo Arcebispo de Turim, em 1880. Para ele que conservava no coração o desejo de ser vice-pároco ou eventualmente pároco em qualquer cidadezinha, esta foi uma obediência que lhe custou muito, tanto que lhe causou febre, mas desde o momento de sua chegada ao Santuário se sentiu envolvido pelo olhar terno da Consolata que o esperava, e o seu coração um pouco desfalecido e ansioso se sentiu seguro sob o manto daquela Mãe que o teria guardado e amado como a pupila dos seus olhos. 

Desde então, sustentado pela Consolata, com a qual se entretinha longamente e à qual tudo confiava, encontrou sempre a força para acolher qualquer situação, também a mais complicada e dolorosa, com grande serenidade, repetindo com fé inabalável, o seu faça-se. Por isso, ao fim de sua vida, assim se expressava: “Se tivesse que compor a história das consolações recebidas de Nossa Senhora nestes 40 anos que estou no Santuário, diria que são 40 anos de consolações. Não é que não tenha sofrido; só Deus sabe quanto! Mas ali, aos pés da Consolata, tudo sempre se ajustava”.  

Falava da Consolata com terna devoção 

Desde jovem seminarista, José Allamano nutria uma terna devoção por Nossa Senhora e celebrava com alegria cada uma de suas festas, com todos os seus títulos, mas depois, como reitor do Santuário e ainda mais como pai de missionários e missionárias,  com muita simplicidade dizia que a “sua Nossa Senhora” era somente ela, a dulcíssima Consolata. 

Secretário e tesoureiro 

Allamano, por outro lado, se considerava o seu secretário e tesoureiro; isto é, sentia-se o transmissor privilegiado das ternuras maternas da Consolata, e não fazia nada sem Nossa Senhora: “Se fazes bonita figura, sois Vós” lhe dizia com amor filial e total confiança. 

Poucos meses antes de morrer, durante um tempo de repouso em Rívoli, disse a um sacerdote que o visitou: “mandaram-me aqui para repousar mas eu me sinto como se estivesse exilado. Amanhã quando retornar a Turim, diga aos meus sacerdotes que eu, longe da Consolata não posso viver”. Sim, a Consolata foi a “sua Nossa Senhora” sob cujo olhar viveu bem 46 anos, até o último respiro. 

As últimas palavras que as pessoas que lhe estavam próximas recolheram de seus lábios foram um “Amém” e uma invocação “Ave Maria”. Amém: a atitude de toda a sua vida frente à vontade de Deus, a bússola única e firme da sua alma em contínua busca dos sinais celestes. Ave Maria: a expressão de amor e esperança de um ardente coração sacerdotal, para o qual a Consolata foi a estrela suavíssima de cada amanhecer e de cada pôr do sol. Não teve necessidade de outra coisa na sua vida. Deus e Nossa Senhora foram o seu imenso “tudo”.

Compreendemos agora que Allamano confiando os dois Institutos que ele fundou à Consolata, não nos deu somente um nome, mas uma mãe: “Quantas pessoas que vêm aqui rezar e levam as graças e milagres,  e nós que somos os seus filhos prediletos? Levamos o nome como nome e sobrenome. Sob este título Ela é nossa mãe particular. Nós somos Consolatinos, filhos prediletos da Consolata”.

Contemplemos a Consolata 

O  Fundador, como filho predileto da Consolata, resplende hoje da santidade de Deus, e também a Igreja assim o reconhece e proclama. A sua canonização é para todos nós um dom imenso, mas é também uma sempre maior responsabilidade porque nos chama a nos renovar com fidelidade e empenho, haurindo com abundância à riqueza da sua vida e santidade.

Quantas vezes  Allamano voltou o seu olhar para a Consolata e quantas vezes se deixou olhar por ela! Também nós desejamos contemplar a sua face e deixar-nos olhar por Ela, aqui está a nossa força e a força dos dois Institutos.

Olhemos para Ela com frequência, longamente, com amor, em silêncio, rezemos cada dia a Ela por nós, pelo Instituto, pelo mundo inteiro. Ó Consolata, Mãe da consolação, entra sempre mais em nosso coração e enche-nos do dom do amor.

Sergio Frassetto. Texto publicado na Revista Missioni,  edição junho de 2025, pág. 72,73. Tradução Ir. Benildes Clara Capellotto, MC.

 

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