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Testemunho

Estamos juntos

Missionária da Consolata relata vivência com o povo moçambicano. 

Por Inês Regina

Uma saudação fraterna e aquele abraço bem caloroso que nos une no ideal e na realidade da Missão.

Novamente estamos juntos na partilha do caminho missionário que é contínuo para mim, para vocês e para os que hão de vir depois de nós. Pois assim como Ele, o Missionário do Pai, iniciou, passou aos seus Apóstolos, aos seus Discípulos, seguiu depois, oferecendo este dom a todos os cristãos..., eis aqui uma herança que temos garantida: “viver a mesma Missão de Jesus”. Missão que nem sempre se refere ao contexto “geográfico”, ainda que este seja um horizonte a não perder de vista..., mas somos conscientes que no dia a dia as “atitudes de Jesus” precisam ser vivenciadas, postas em prática ao ritmo da proximidade ao irmão, independentemente da raça, da cor, da língua, da cultura e até da religião.

Vocês que já me conhecem, pessoalmente, ou por outros escritos neste meio tão importante como é a revista Missões, certamente recordarão que na minha vivência de missionária da Consolata entre a juventude em Portugal, entre os indígenas e irmãos da favela na Venezuela e agora entre os irmãos moçambicanos, não é tanto o fazer que conta, mas é saber marcar presença de uma Igreja que envia, porque acredita que o Evangelho cria Comunhão entre as pessoas, entre os povos..., e aí acontece a Missão que é pão, que é educação, que é cuidado, que é oração, que é escuta, que é saber conviver, enfim que é celebração, não só dos momentos alegres, mas celebrar uma esperança, que faz superar a dor, a morte, a injustiça e, sobretudo, a incerteza do amanhã. Esta tem sido minha experiência nestes últimos tempos em terra moçambicana, um país que tinha avançado no caminho da Paz, depois de ter superado duas guerras (da Independência e a Civil – interna), e agora parece retroceder com os contínuos ataques de violência e destruição no norte do país, gerando divisões de famílias, mortes, migração, pobreza e fome. 

Que difícil viver a Missão quando vemos que a presença missionária também vive a impotência, humanamente falando..., mas o “permanecer de pé junto ao povo, (assim como Maria ao pé da Cruz) é a forma de ajudar a manter viva a chama da FÉ, para que não se apague, alimentar com o óleo da caridade e da oração, numa contínua doação aos irmãos. As palavras por vezes poucas, mas a oferta de vida muita, isto é o que para mim, faz com que a presença da Igreja permite ao povo “dançar a Vida”, celebrando uma fé que é esperança em dias melhores. 

Falta comida, sim, falta trabalho, sim, faltam condições de educação para crianças e jovens, sim faltam estradas para transportar o progresso, sim, faltam hospitais para cuidar da saúde, sim..., mas não falta a alegria neste povo que sempre diz: ESTAMOS JUNTOS...

Assim que você, Amigo Leitor, está convidado a dizer também: estou junto..., deste Povo e destes Missionários que seguem trabalhando em Moçambique, apoiando e orando por esta Missão que é de TODOS... TODOS..., como nos recordou o saudoso Papa Francisco.

Inês Regina de Lima é Missionária da Consolata em Moçambique.

 

Capa da Edição

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