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Família Consolata

O Método Missionário da Consolata

Para alcançar objetivos concretos faz-se necessário uma metodologia de trabalho. Os missionários e as missionárias da Consolata elaboraram uma. Trata-se da transposição do método do Fundador, José Allamano, baseado sobre quatro pilares fundamentais.

Por Jonah Mulwa Makau

O modo como uma pessoa desenvolve as suas atividades decide se terá mais ou menos sucesso. Uma coisa é saber bem o que fazer, ter a energia e a inteligência para fazê-lo, outra é ter a estratégia certa para alcançar um determinado objetivo. Estamos aqui falando de “um método”, ou ainda de um procedimento específico para realizar alguma coisa. Uma metodologia clara é necessária toda vez que se realiza um projeto, porque propicia uma aproximação estruturada ao trabalho, garante credibilidade ao modo de trabalhar e melhora os conhecimentos naquele campo específico.

Método Missionário

Isto explica o motivo pelo qual os primeiros missionários da Consolata tinham necessidade de um bom método para realizar qualquer passo avante na evangelização do Quênia. O Fundador os advertiu para não esperar resultados rápidos. De fato, lhes dissera de evitar a tentação de pensar que as coisas seriam fáceis ou que os resultados seriam imediatos. Antes, deviam valer-se do tempo necessário para fazer planos, agir gradualmente e avaliarem-se sem pressa. Na realidade, aquilo que hoje chamamos método missionário da Consolata, é uma atualização do método pedagógico de José Allamano. Este método previa “o encontro”, “a criação de relações” e “a troca produtiva recíproca”. Numa palavra, podemos chamar àquele método missionário de “encontro”. O Fundador era um pai para os seus missionários: amava intensamente cada um deles, a ponto de deixar uma recordação jamais esquecida desde o primeiro contato. Ligado a este aspecto o testemunho dos primeiros missionários são unânimes: cada um deles se sentiu compreendido e amado pelo Fundador, com a novidade criativa do amor.

As suas relações e o seu método pedagógico eram animados e centrados num diálogo confiante e amável. Tinha relações próximas com cada um de seus missionários e missionárias, mas também com a comunidade (Seminário Menor, Seminário Maior, Noviços). Mantinha contato com quem lhe estava próximo e com quem estava longe. Enquanto alguns missionários estavam na África, outros estavam servindo no exército e outros ainda estavam na Casa Mãe. Allamano seguia, formava e dirigia também outros grupos que estavam sob os seus cuidados pastorais. Este contato próximo com as pessoas é o que inspirou e constituiu o método que os Missionários/as usaram na Missão.

Contato

Utilizando os conselhos que José Allamano lhes dava na Itália, os missionários/as na África se empenharam nas lições de catecismo nas vilas, no ensino básico nas escolas ao ar livre (as aulas aconteciam à sombra das árvores), nas visitas às aldeias para socializarem-se e criarem relacionamentos com as pessoas e enfim, na assistência aos doentes. Estes elementos constituem o que veio a ser conhecido como o “método dos Missionários/as da Consolata”. Como podemos ver, era inédito. Pressupõe um grande contato com as pessoas. Assim mesmo como o demonstrara pessoalmente Allamano no seu trabalho em Turim, os missionários e as missionárias deviam se relacionar bem próximos às pessoas. Este era o único modo para conhecer as suas necessidades, aprofundar as suas expectativas, conhecer os seus temores, criar um vínculo de confiança etc. Mesmo quando os Missionários da Consolata eram acusados por outros institutos missionários de dedicar-se às práticas “mundanas" ao invés de dedicarem-se a “salvar as almas”, o método missionário da Consolata foi certamente eficaz. Não seria possível evangelizar pessoas que não compreendiam. Este método deu grandes resultados e frutos duradouros na evangelização, na fundação e no serviço da Igreja na África, em primeiro lugar pela validade intrínseca ao próprio método, e em segundo lugar pela dedicação e o espírito daqueles que o implementaram, sob a direção sábia do Fundador. Este é outro modo de dizer que só o método por si mesmo não é suficiente. Aqueles que o põem em prática devem atuar seriamente e dedicados ao seu trabalho. Em outras palavras, não é possível separar o trabalho a ser desenvolvido, o método a ser usado e a personalidade daqueles que devem executar o trabalho.

Quatro Pilares

O método missionário da Consolata tinha quatro elementos-chave. Em primeiro lugar, exigia a aprendizagem da língua local do povo. Ainda hoje, a língua é a chave de cada sociedade. Conhecer a língua facilita muitas coisas, elimina conflitos inúteis e incompreensões e cria uma base de credibilidade para qualquer empenho. Segundo elemento: o método exige o respeito da cultura das populações locais. Os missionários descobriram logo que deviam amar a cultura dos Kikuyu e dos Meru. Isto significava disposição para comer o alimento do lugar toda vez que era necessário, e sempre tratar as pessoas com respeito. Conscientes de que não seria possível evangelizar qualquer pessoa que os via como colonialistas, os missionários da Consolata aprenderam a respeitar as diversas culturas. O terceiro elemento: o ambiente familiar. José Allamano sempre falou do “espírito de família”. Ele se assegurava para que a pessoa com quem conversava se sentisse em casa. Este era o seu segredo. As pessoas se sentiam felizes, descontraídas e amadas em sua presença. Do mesmo modo, como parte de sua estratégia de evangelização, os Missionários da Consolata agiam de modo que as pessoas se sentissem parte de uma grande família de Deus. Quarto e último ponto do método dos Missionários da Consolata: transformar a realidade, não só através do ensinamento religioso, mas também educando a população na agricultura, na criação do rebanho e às habilidades manuais ( ensino profissional). Como pudemos notar, a estratégia (o método) dos Missionários da Consolata na África (e depois na América Latina e na Ásia) espelha o estilo de vida de José Allamano. Ele acreditava que a obra de uma pessoa é o reflexo dela mesma. Isto explica porque é verdade que o método pedagógico do Allamano, que é a espinha dorsal do método missionário da Consolata, tinha como finalidade a santidade. Não se tratava somente de executar repetidamente uma ação para torná-la visível como uma estratégia ou um fato. Tratava-se de apresentar a si mesmo em qualquer coisa que fizesse.

Jonah Mulwa Makau. Texto publicado na Revista Missioni/Dossier – outubro de 2024. Traduzido por Benildes Clara Capellotto, MC.

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