A Esperança não decepciona!
O artigo de Mauro Negro destaca o mês de setembro de 2025 como um período dedicado à reflexão sobre a Carta de São Paulo aos Romanos, com ênfase no versículo “A Esperança não decepciona” (Romanos 5,5). A proposta é compreender a esperança cristã como uma virtude teologal, distinta de otimismo ou desejo pessoal, sendo um dom de Deus que fortalece a fé, a caridade e a perseverança do crente em Cristo Jesus.
As Cartas Paulinas
O autor contextualiza a importância das Cartas Paulinas, diferenciando as sete cartas indiscutivelmente escritas por Paulo — Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Filipenses, 1 Tessalonicenses e Filêmon — das seis cuja autoria é questionada, as chamadas “deuteropaulinas”. Ele aponta que, além dessas cartas conhecidas, Paulo pode ter escrito outros textos que se perderam ao longo do tempo, como a carta aos Laodicenses mencionada em Colossenses 4,15-16. Essas cartas não apenas comunicavam ensinamentos teológicos, mas eram direcionadas às comunidades que Paulo fundou ou conhecia, servindo de vínculo entre fé e prática.
A Conversão de Paulo
O texto explora também a figura de Paulo a partir de Atos dos Apóstolos: inicialmente como perseguidor da Igreja, envolvido na execução de Estêvão, e posteriormente como convertido em Damasco após a visão de Cristo. Essa conversão é apresentada como um processo de aprendizado e transformação, culminando na mudança de Saulo, perseguidor, para Paulo, apóstolo e evangelizador dos gentios, revelando a universalidade da mensagem cristã além do judaísmo.
Jesus Cristo e a Salvação Universal
Mauro Negro destaca o papel histórico de Paulo ao reinterpretar a figura de Jesus como Cristo Salvador. A morte e ressurreição de Jesus, inicialmente vistas como escândalo, são apresentadas por Paulo como elementos centrais da salvação, que não se restringe a judeus, ricos ou poderosos, mas alcança pobres, escravos e estrangeiros. Paulo também desenvolveu conceitos essenciais da fé cristã: a ressurreição (1 Coríntios 15), a Eucaristia como memorial (1 Coríntios 11), a igualdade em Cristo (Filêmon), a natureza do pecado e a graça de Abraão (Romanos 5-7), e os dons espirituais (1 Coríntios 13-14).
A Esperança que Não Decepciona
O autor sublinha que a esperança paulina transcende expectativas humanas ou circunstâncias adversas. É uma certeza da presença e ação de Deus na história, que fortalece a vida pessoal e comunitária, especialmente em tempos de crise social, política e cultural. A esperança não é apenas algo a ser desejado, mas é incorporada na própria experiência de vida com Cristo, como evidenciado no batismo e na vivência do “homem novo” em Romanos 6,3-11.
Setembro e o Mês da Bíblia
Por fim, o artigo conecta a reflexão ao mês da Bíblia, lembrando São Jerônimo, cuja memória é celebrada em 30 de setembro. Jerônimo contribuiu decisivamente para a compreensão da Escritura por meio da tradução da Vulgata e do uso de critérios críticos e históricos, incentivando o estudo sério e fundamentado da Palavra de Deus.
Conclusão
Em síntese, Mauro Negro apresenta Paulo como referência central da fé cristã, articulando a dimensão histórica, teológica e espiritual da esperança em Cristo, entendida como dom divino que transforma a vida do crente e sustenta a comunhão com Deus e com os irmãos.