Missão também é silêncio
Missionária da Consolata dá testemunho de sua primeira Missão ad gentes, no Uzbequistão.
Por Andrea Carvalho
Fotos: Arquivo Pessoal
Chegamos em Uzbequistão no primeiro semestre de 2025 para sermos a primeira presença das Irmãs Missionárias da Consolata neste país localizado na Ásia Central e que pertencia à antiga União Soviética. Por ser um país muçulmano, a Igreja Católica é organizada em uma única Administração Apostólica, elegida por São João Paulo II em abril de 2005 e confiada à Ordem dos Frades Menores Conventuais.
A Catedral é dedicada ao Sagrado Coração de Jesus e está localizada na capital, Tashkent, onde se encontra também a residência do bispo. Existem em todo o país seis paróquias, três congregações femininas, duas masculinas e apenas 700 católicos praticantes.
Mas você pode estar se perguntando: “Como vocês foram abrir uma comunidade em um país tão distante e desafiante?” Tudo começou no XII Capítulo Geral das Missionárias, que pediu à Direção Geral de constituir a Delegação Ásia e continuar o discernimento sobre uma possível nova abertura em um país de maioria não cristã. Depois de muita reflexão, oração e diálogos com o bispo, Dom Jerzy Maculewicz, O.F.M., responsável pelo Uzbequistão, a Direção Geral decidiu abrir uma comunidade no país.
A Paróquia onde moramos tem como Padroeira Nossa Senhora da Misericórdia e está localizada em Urgench, uma pequena cidade que fica acerca de 1000 km de distância da capital. O bispo queria a nossa presença para podermos contribuir no serviço pastoral da paróquia que conta com uns 15 católicos e que recebe também os jovens estudantes que residem na cidade enquanto estudam na Universidade, vindos da Índia e do Paquistão.
Por agora estamos em processo de adaptação e de tensão, na expectativa de termos o visto permanente, já que todas nós entramos no país com um visto provisório de três meses. Além disso, temos o desafio da língua, já que temos que aprender tanto o russo como o uzbeque para nos comunicar com as pessoas e os cristãos católicos que frequentam a Paróquia.
Tudo por aqui é controlado e os poucos católicos que existem vivem com medo de serem descobertos, já que o catolicismo não é bem aceito entre os muçulmanos. Por isso, uma das maiores missões que temos neste momento é rezar por este país, tanto pelos católicos como pelos muçulmanos, pois são pessoas muito acolhedoras, silenciosas e gentis, mas que não se abriram ainda às novas possibilidades de seguir outra religião com liberdade.
Se Deus permitir que continuemos aqui, temos a esperança de continuar transmitindo este amado Jesus com o nosso testemunho de vida, com a nossa intercessão e apoio, com o nosso sorriso e até mesmo com o nosso silêncio. Que a Mãe Consolata e o Pai Fundador São José Allamano, abençoem a todos os povos que ainda não conhecem a verdadeira consolação, Jesus Cristo, e que consolem aqueles que são perseguidos por aceitarem a fé e irem contra a maioria.
*Andrea Carvalho, MC, é missionária no Uzbequistão.