Revista Missões Logo
Formação

“Anatomia” da Vocação

A Vocação é um dom que tem origem e desenvolvimento. Ela é a Fé colocada em ato, e tem várias etapas e partes que devem ser conhecidas em sua origem. Tudo isso forma o Mistério, que envolve o Ser humano e o salva.

Por Mauro Negro

Vocação é um tema importante para a Igreja. Afinal, sem Vocações assumidas ela não poderá servir. E tem a questão da qualidade vocacional que é o modo de viver a Vocação, a intensidade, a coerência entre o chamado de Deus e a vida vivida no cotidiano. É um tema e uma exigência sempre atuais para a Igreja. Nos tempos de relativismo social e cultural, falar de Vocação é um desafio, pois rompe o senso e a procura comum de sucesso, satisfação e vontade individuais. 

O mês de agosto é, tradicionalmente, o “mês das Vocações”. Nas Comunidades de Fé do Brasil o primeiro Domingo destaca a Vocação Presbiteral, evidenciando o Padre, mas também o Diácono e o Bispo, como os que respondem ao chamado à Vocação Ordenada. No segundo Domingo, aproveitando o popular Dia dos Pais, destaca-se a Vocação Familiar, com o dom da entrega mútua dos esposos e a geração da vida, nos filhos. No terceiro Domingo, com a Solenidade da Assunção de Maria enquanto sinal da exclusividade de Deus na sua vida, destaca-se a Vocação à Vida Religiosa. São as Irmãs e os Irmãos religiosos que testemunham a vida futura, com a constante busca de Deus. O quarto Domingo destaca as múltiplas Vocações que se transformam em funções ou ações concretas na Igreja. Chama-se a isso de Vocação Laical. Quando há um quinto Domingo o destaque é para a Vocação à Catequese. Isso é algo oportuno e significativo, pois os tempos precisam de Catequistas que amem a educação da Fé, feita na Fé. 

Vocação e Fé. Falemos, então, de Vocação e do conjunto que ela forma com a Fé. Sim, pois Vocação é Fé, e Fé é Vocação. Estou muito seguro disso e chego a fazer quase uma fórmula matemática. Fé é igual a Vocação; Vocação é igual a Fé. Esta equivalência indica que a Vocação é uma expressão do Mistério que envolve toda pessoa que se abre à Graça — ela mergulha no ambiente da presença de Deus e realiza em si este encontro: de Deus com o Humano; do Eterno com o que está no tempo e no espaço; do imortal com o que está como transitório, efêmero e passageiro. É um encontro de Amor, o que nos leva a entender Vocação como expressão de Amor. Note-se bem: Amor, não um “gosto”, um sonho. No final deste artigo eu trago alguns exemplos que eu conheci e que indicam ou pelo menos levam ao conhecimento da extensão do fato da Vocação. 

Vocação: uma realidade profundamente humana e divina. A Vocação deve ser entendida como uma realidade própria do Ser humano e específica do Homem que crê. Em outras palavras, a Vocação é uma realidade Antropológica e Teológica. É o que desejo apresentar neste artigo. 

Como realidade antropológica, a Vocação é uma situação que diz respeito ao Ser humano inteiro, em sua própria Natureza. Esta, a Natureza humana, além dos elementos físicos, biológicos, tem também o que chamaremos de “espiritual”, no sentido de não material, mas que se expressa na realidade física. Trata-se do que a Sagrada Escritura chama de “imagem e semelhança”, como lemos em Gênesis 1,27: “Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele os criou.” A imagem e semelhança do Ser humano em relação a Deus é múltipla, complexa, com uma riqueza de nuances e expressões que não se esgotariam mesmo em milhares de páginas escritas. Mas tudo pode ser concentrado em três conceitos básicos e amplos: inteligência, vontade e liberdade. São, cada um destes conceitos e o conjunto dos três, o que forma a imagem e semelhança do Ser humano em relação a Deus. 

Imagem é uma figura que se aproxima, não é a realidade, mas uma espécie de reflexo, como o que vemos de nós mesmos em um espelho: parecido, mas não igual, pois se fosse igual, seria como nós: é como um reflexo. É também semelhança, pois não é a mesma coisa, mas chega, de muitos modos, próximo, sem nunca ser igualdade. Assim que a inteligência humana, embora poderosa, criativa, inovadora, superadora de muitos limites, não é absolutamente onisciente: isto é, não sabe tudo! Sabe muito, mas por mais que saiba, sempre pode ainda saber mais. A vontade, embora possa ser profunda e transformadora, tem os limites que a própria realidade física impõe. Mesmo que a vontade seja uma soma de esforços de centenas, milhares ou milhões de indivíduos, será sempre limitada, ou pelo espaço ou pelo tempo ou pelas incontáveis condições físicas. E a liberdade, tão procurada e valorizada, a ponto de ser vista como uma divindade, não é uma situação que se encontra espontaneamente no Ser humano, mas precisa ser despertada. Não existe liberdade em si, mas um processo libertador, uma construção constante e que deve ser diuturnamente renovada e recriada. 

Anatomia da Vocação. Isso é complexo de entender, mas é preciso ser considerado como uma parte importante do que eu chamaria aqui de “anatomia vocacional”. O termo é novo, pelo menos eu nunca ouvi, mas é o que desejo propor aqui. Poderia ser também algo como “arquitetura vocacional”, mas isso seria uma imagem física, meio que matemática, e a Vocação é algo que é vivo, que toca a biologia, a vida física humana. Assim que “anatomia” tem a ver com a situação da vida, do organismo humano, sendo “organismo” aqui entendido como todo o Ser humano, partindo do seu interior, de sua identidade interna. A isso de chama, dentre muitos termos, de espiritualidade. 

A Vocação do ponto de vista da Antropologia é uma realidade humana que se compõe de alguns elementos que a definem e geram uma intensa e profunda relação. Trata-se de: Criação, Evolução, Graça, Pecado, Salvação e Revelação. Cada um destes termos é um tratado dentro da Antropologia teológica e da Teologia. É preciso compreender e relacioná-los com o todo que é o Ser humano, imagem e semelhança com Deus. 

A Criação: A profissão de Fé da Igreja afirma a Criação e assim a expressa nos Creios e, em especial, no Creio Niceno-Constantinopolitano, que teve iniciada sua composição no Concílio de Niceia em 325 — há 1700 anos, portanto. A Criação é um ato de vontade própria de Deus, sem uma lógica interna, sem uma justificativa prévia, mas com uma absoluta expressão de gratuidade. Se aparece a pergunta “Por que Deus criou?”, a resposta possível é “Por amor!” Simplesmente amor partilhado. A Criação nos remete à filiação divina, mas nos coloca dentro de um conjunto absolutamente enorme, aliás, do ponto de vista humano, infinitamente enorme. 

A Evolução: Não é um termo ou uma proposta contrária à Criação; elas não são realidades ou perspectivas antagônicas, mas sim complementares. Um debate entre criacionistas e evolucionistas não pode se tornar um confronto, mas deve apontar para uma convergência, onde o criacionista compreende que a Criação evolui, como a natureza, o Homem, a cultura, a própria história; e o evolucionista deve aceitar que existe um limite para o conhecimento das origens e dos fins do universo, do tempo, da matéria ou das matérias, pois são muitos os tipos de matérias! Claro, o diálogo entre estes dois modos de ver e explicar ainda está em aberto, com boa vontade e desejo de compreensão mútua em alguns casos. Mas uma síntese ainda vai demorar um pouco. 

O Ser humano é, sim, o produto de uma evolução, de um caminhar orgânico e espiritual no tempo e na geografia da vida e da história. Em algum momento o Ser humano reflete sobre si, sobre os outros e sobre um Outro. Este passo, que todas as civilizações antigas deram em algum momento, define com clareza o surgimento da humanidade. Teilhard de Chardin foi um célebre e controverso escritor, teólogo e cientista, também Padre. Ele acreditava e afirmava, seguindo São Paulo, que Cristo é o final da Evolução. Ele escreveu em “O meio Divino”: “Aquele, do qual todo o edifício criado tem sua consistência, o Cristo morto e ressuscitado (…) que tudo plenifica, no qual tudo subsiste”. A Evolução encontra em Cristo Jesus o seu sentido e ponto de chegada e de plenitude. A Vocação encontra nele o seu significado. 

A Graça: É a vida divina no Ser humano, algo que o transcende e o faz olhar para mais longe, para lados que estão fora do alcance das necessidades básicas como respirar, hidratar, alimentar, mover etc. Tudo isso é natural, a Evolução nos faz partilhar tais exigências com as criaturas vivas, com os mamíferos, os primatas superiores. Mas a Graça, como a inteligência reflexa e acumulativa, é própria do Ser humano. A Graça é a imagem e semelhança dele com Deus de modo a fazer disso algo positivo, transformador, de algum modo próximo à Criação que vem de Deus. Ela faz o Ser humano ir mais longe, enxergando melhor e de modo mais profundo. O Ser humano chega a compreender que tem algo em si que o torna diferente de toda a Criação e que passou pela Evolução. O resultado da Graça e o autoconhecimento de si como imagem e semelhança com Deus, o Criador, dentro de um processo de Evolução que abrange toda a Natureza, a Geografia, a Física — o Mundo, ou como diziam os gregos, o Cosmos. George Bernanos, célebre escritor francês, tem um livro com o título de “Diário de um Pároco de aldeia”, e no final, encontramos a admirável frase “Tudo é Graça!” Sim, tudo pode ser Graça quando Deus tem espaço e tempo para ali estar. 

O Pecado: É o contrário da Graça. é preciso ir além da imagem superficial de que “tudo é pecado”. Não! Há muito mais Graça do que pecado! Mas a profusão de expressões de pecados, as propostas constantes de rompimento da Graça terminam por dar a impressão de que o pecado é uma realidade mais presente, mais real. Sim, o mal está sempre ativo, agindo e, não raro, disfarçando-se de bem e de belo. Isso eu sinto em mim, como você deve também sentir em si mesmo. O fundamental do pecado não é a ação, mas a motivação, o que leva a ele. E depois o que ele produz, a perda da Graça, da intimidade e proximidade com Deus, pois leva à sombra, ao contrário do Bem e da Beleza. Mas, como qualquer coisa que assumimos, é possível viver no pecado e sentir-se confortável. É como viver em meio à sujeira e ao lixo, e achar que está tudo bem, embora exista até perigo de doenças. O pecado gera o autoengano, que leva à tolerância, que o mantém. Isso é o Mal, que nos tira a imagem e semelhança com Deus. Santo Agostinho, que a Igreja celebra em agosto, afirma em uma de suas mais marcantes obras, “Confissões”: “Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!Tarde demais eu te amei!Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava fora! Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas. Estavas comigo, mas eu não estava contigo. Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem. Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez. Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou minha cegueira. Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti. Tu me tocaste, e agora ardo no desejo de tua paz.” Agostinho lamentou sua vida de pecado, que obscurecia a beleza da Graça. Mas, a “Beleza tão antiga e tão nova” se mostrou a ele, e foi aceita, assumida, assimilada, vivenciada. Isso é Vocação. Ela não é simplesmente “fazer”, mas sim, fundamentalmente, “ser”, e “estar” na presença, na Comunhão com o Amado que ama. A Vocação é entrar neste ambiente, criar a intimidade com Deus, com o Salvador. 

A Salvação: É a entrada de Deus na história pessoal. É a resposta de Deus ao pecado. Se este é o desejo do homem de estar no lugar de Deus, a Salvação é a decisão de Deus em fazer-se homem para levar todos para a sua presença. O Ser humano não pode chegar até Deus por suas próprias forças. Então, Deus vem ao encontro do Ser humano e o diviniza, o torna “capaz” de Deus. 

Ao encontrar o Santo, o Ser humano encontra a sua própria fonte, reconhece sua identidade. Carl Segan, famoso astrofísico e cosmologista, afirmou muitas vezes: “Somos poeira das estrelas.” De fato, tudo o que somos em nosso corpo, e tudo o que existe ao nosso redor, foi formado na fornalha de uma estrela que se expandiu e explodiu. Isso é física. Então, nossa matéria tem uma proximidade interna, visceral, com todo o Universo. Mas nossa identidade interior, nossa essência de imagem e semelhança com o Criador tem sentido, tem origem e encontra seu futuro com o Santo, aquele que cria. A Salvação inicia-se com a eleição de um Povo para ser o povo de Deus, e este Deus é para este povo. É assim que lemos a afirmação teológica central do Antigo Testamento, em Deuteronômio 6,4: “Ouve, ó Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor!” Este Senhor salva de modo definitivo quando envia o Salvador, seu Filho, para a História humana. É o que afirma o centro teológico do Novo Testamento em João 1,14: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós!”

A Salvação é o supremo ato de Amor de Deus. Pode-se dizer que é a “Vocação de Deus” para o Ser humano. 

A Revelação. Aqui está o principal ambiente para quem sente a Vocação: a Revelação. Esta palavra tem o significado de algo que está velado, encoberto, inacessível de se ver ou tocar. Então, vem alguém e tira o véu. 

O Ser humano tem matéria, é corpo físico em interação com o meio no qual vive. Ele tem um princípio vital como todos os seres vivos, e codivide isso com a Natureza, sendo parte dela, e pela ação que exerce sobre ela é por ela responsável. Mas o Ser humano precisa encontrar o seu núcleo, o significado de sua existência, que não é somente sobreviver, colhendo, caçando, reproduzindo. O Ser humano é mais do que caçador, coletor e reprodutor, transmitindo seus genes para novas gerações. Ele transmite experiências, ele também cria, como Deus; ele vai além, transcende a si mesmo, como Deus; ele gera mudanças na Natureza, na vida, na matéria, como Deus. Ele precisa estar na intimidade com Deus, e para isso, o Revelador deve indicar o caminho. Isso passa pela superação do pecado, vai pela vivência da Graça e se torna pleno nos “novos céus e nova terra”, como afirma o Apocalipse.

A carta aos Hebreus afirma, de modo a que seus ouvintes originais pudessem entender, que Jesus Cristo, Sumo Sacerdote, entrou no Santuário e rompeu o véu que existia entre o Ser humano e Deus. Ele é o Revelador, que conduz ao Pai. Lemos em Hebreus 9,11: “Cristo, porém, veio como sumo sacerdote dos bens vindouros. Ele atravessou uma tenda maior e mais perfeita, que não é obra de mãos humanas, isto é, que não pertence a esta criação.” 

Vocação, como vimos, é Fé. A mesma Carta aos Hebreus afirma em 11,1: “A fé é uma posse antecipada do que se espera, um meio de demonstrar as realidades que não se veem.” Sendo o mesmo que Fé, a Vocação é também um modo de possuir e de demonstrar o que ainda não se vê e o que ainda se espera. Seja qual for a Vocação, ela é Dom, é Revelação, é Salvação para quem a tem e busca viver. 

Exemplos e comentários. Primeiro exemplo. Conheci um jovem que se empenhou na realização de seu “sonho”: Ser Padre. Coloco sonho entre parênteses pois isso me parece muito frágil para definir uma vida. Sei que a maioria das pessoas não pensa assim e usa a palavra no sentido de empenho de vida, esforços de conquista, busca de realização. Isso é válido e louvável. Mas pode ser também uma expressão de um desejo efêmero. Bem, este rapaz dizia que tinha o sonho de ser Padre. E foi ordenado. Eu estava lá, presente. Nos agradecimentos ele disse que estava realizando o “seu sonho”. Eu pensei, comigo mesmo, “tomara que ele não acorde e veja que entrou em algo que não era para ele!” Então, aconteceu! Três anos depois de ordenado Padre, ele saiu. E argumentou que não entendia o que havia feito, e que agora estava apaixonado por uma jovem e tinha o “sonho” de casar-se com ela. Não sei como ele está agora, mas espero que o tal sonho do Matrimônio tenha dado certo. 

Outro exemplo. Conheci um Padre que um dia surpreendeu a todos. Eles lhe perguntaram se sempre havia desejado ser Padre. Sua resposta foi mais ou menos esta: “Não! Eu sempre desejei ser médico. E ainda desejo!” Todos ficaram surpresos. Eu entendi o que ele queria dizer, e logo ele explicou a todos. Ele desejava ser outra coisa na vida, mas aceitou a Vocação que Deus lhe dava. Fez da vontade de Deus a sua própria vontade e decisão. Mas continuava tendo o desejo da medicina, mesmo sendo feliz e salvo como Padre. 

Mais um exemplo, conhecido por alguns. Certa Irmã servia em um leprosário, que é um local onde existe muita dor física, que vem com esta doença. Isso já faz algumas décadas, e a lepra ainda era uma enfermidade complexa de ser enfrentada. Ora, um repórter de uma revista foi até o leprosário e, auxiliado pela Irmã, fez uma reportagem que seria depois publicada em uma revista. Foi um dia todo de visita ao ambiente, de conhecimento das realidades e de diálogos com médicos e pacientes. No final, quando se despedia da Irmã que havia acompanhado em todo o caminho o repórter, este disse algo mais ou menos assim: “Irmã, parabéns pelo seu trabalho. Eu não faria isso nem por alguns milhões de dólares!” E a Irmã, olhando para ele, afirmou: “Eu também não faria por dinheiro.” Pegou o pequeno crucifixo que tinha dependurado no peito, beijou-o e afirmou ao repórter: “Eu faço por Ele!” De fato, a Vocação não é pelos outros. Sim, pode ser pelos outros, mas é, sobretudo, por Jesus Cristo, o Senhor. Ele é o motivo da Vocação. 

Mais um exemplo: Aqui não é uma ou outra pessoa, mas muita gente. Muitos pais e mães que renunciam a confortos para educar seus filhos. Mudam seu modo de vida, redimensionam gastos e se esforçam para fazer bem o papel de pais, amando de verdade seus filhos. De outro lado, tem os que até “pagam” para ter filhos e depois… terceirizam os filhos. São situações complicadas estas. 

Um último exemplo e comentário. Em uma celebração de Matrimônio, o Padre que assistia aos noivos e os abençoava insistiu muito na afirmação que o Matrimônio é para a felicidade de ambos. É um argumento válido, mas frágil. Sim, uma Vocação bem vivida gera a felicidade, que é o êxito dos sentimentos vivenciados. Mas é pouco! O Matrimônio não é somente para a felicidade, que é muito subjetiva. Ele é uma Vocação, e é para a Salvação dos que se casam e se dão em casamento. A felicidade pode ser um efeito do Matrimônio, mas a principal “missão” do Matrimônio é a Salvação das pessoas nele envolvidas. E isso vai além de um relacionamento físico. 

A questão da Vocação, para os que se sentem vocacionados, pode ser expressa nas perguntas: O amor a Deus é mais intenso do que o apego a tudo o mais? Este amor a Deus se projeta naqueles que devemos amar e fazer ser amados? E o motivo de assumirmos a Vocação à qual somos chamados é a Fé que temos que Deus nos está conduzindo? 

É preciso compreender que a Vocação é a entrada no Mistério, na presença de Deus na nossa história e no mundo. Neste mês de agosto seria interessante pensar e assimilar isso.

Mauro Negro, osj, é professor de Teologia Bíblica na PUC-SP. mauronegro@uol.com.br

Capa da Edição